Arquivo para agosto \31\+00:00 2010

Metamateriais vão testar mudanças na estrutura do espaço-tempo

Big Flash

No momento do Big Bang, segundo alguns teóricos, nosso universo pode não ter tido exatamente três dimensões do espaço e uma dimensão do tempo.

Em um artigo publicado no último exemplar da Physical Review Letters, uma equipe propõe uma maneira de observar justamente essa transição para o nosso universo atual, com as dimensões que estamos acostumados.

O experimento, segundo eles, pode ser feito usando os chamados metamateriais, estruturas nas quais a propagação da luz pode ser controlada com precisão.

Experimentos com tais estruturas, dizem eles, poderiam testar as previsões de que um “Big Flash” de radiação, uma espécie de “irmão” do Big Bang, que teria acompanhado as mudanças na estrutura do espaço-tempo que podem ter ocorrido no início do universo.

Geometrias do espaço-tempo

Durante a última década, os teóricos descobriram que a ajuste das propriedades elétricas e magnéticas dos materiais em nível microscópico permite manipular a luz de modos surpreendentes, potencialmente permitindo a construção de dispositivos como Lente perfeita, idealizada em 1850, pode ser fabricada, diz físico”>lentes perfeitas e mantos da invisibilidade.

Os experimentalistas começaram a confirmar essas ideias usando metamateriais – grandes conjuntos de minúsculos fios, anéis e outras estruturas menores do que o comprimento de onda da luz que interage com eles.

A novidade é que esses materiais sintéticos também podem ser usados para explorar geometrias incomuns do espaço-tempo. É o que garantem Igor Smolyaninov, da Universidade de Maryland, e Evgenii Narimanov, da Universidade Purdue, ambas nos Estados Unidos.

Normalmente, para uma onda de luz que atravessa um material, seu comprimento de onda fica mais curto conforme a sua frequência aumenta, e isso se aplica igualmente em todas as direções.

Mas Smolyaninov e Narimanov idealizaram um metamaterial no qual a relação entre a frequência e as variações espaciais dos campos eletromagnéticos é altamente anisotrópica. Para algumas configurações dos campos, torna-se possível aumentar o comprimento de onda efetivo em uma direção específica, e ainda assim a frequência total vai diminuir.

Teoria das cordas e máquinas do tempo

Os cientistas demonstraram que essa chamada relação hiperbólica entre as variações espacial e temporal das ondas eletromagnéticas é exatamente aquela que existiria em um espaço-tempo que tivesse duas dimensões de tempo e duas dimensões de espaço.

Uma das propriedades dessa geometria é que, para uma dada frequência, há um número infinito de arranjos eletromagnéticos, ou modos, enquanto no espaço-tempo normal pode haver muitos modos, mas não infinitos modos.

Smolyaninov assegura que essa manipulação de geometrias do espaço-tempo não vai permitir coisas mais estranhas, como Viagem no tempo derrota a Mecânica Quântica”>máquinas do tempo – uma possibilidade teórica com duas dimensões temporais – porque o comportamento ocorre apenas em uma faixa limitada de frequências e é desfeito por perdas de energia que são negligenciadas na teoria.

Ainda assim, a manipulação do material poderá permitir que os experimentalistas vejam o que acontece quando a geometria do espaço-tempo muda drasticamente.

Por exemplo, se as múltiplas dimensões extras previstas pela teoria das cordas repentinamente se “enrolassem” no universo primordial, deixando apenas três dimensões do espaço, alguns teóricos preveem que teria sido produzido um “Big Flash” de radiação, algo similar ao Big Bang.

O flash teria ocorrido porque qualquer energia na infinidade de modos no espaço-tempo de múltiplas dimensões seria liberada repentinamente.

Folhas de gálio

Smolyaninov e Narimanov propõem a construção de um metamaterial que inclua folhas tecidas com fios finos de gálio, que se torna mais condutivo quando se funde pouco acima da temperatura ambiente.

Eles calculam que a fusão irá alterar o metamaterial de normal para hiperbólico, de forma que os experimentalistas poderão visualizar o grande flash quando o material esfriar. “Com os metamateriais, você pode modelar essa transição experimentalmente,” diz Smolyaninov.

Ulf Leonhardt, da Universidade de St. Andrews, na Escócia, afirma que os modelos de laboratório podem dar muitas informações sobre fenômenos que não podem ser experimentados diretamente e, portanto, sobre os quais se tem apenas uma intuição limitada.

“Se esses sistemas puderem ser construídos em laboratório, e se eles mostrarem esse efeito, então a controvérsia poderá ser resolvida.” O sistema proposto “parece interessante e prático,” diz ele. “Mas o diabo está sempre nos detalhes.”

Outras pesquisas

Se todas essas propostas parecem estranhas demais para se tornarem realidade, é bom dar uma olhada no currículo recente dos pesquisadores envolvidos.

Smolyaninov participou dos estudos que resultaram em um arco-íris aprisionado em uma armadilha de espelhos e na criação da primeira camuflagem que tornou um objeto realmente invisível.

Narimanov participou da criação de um material artificial mais preto do que o preto e de uma técnica de criptografia que esconde a própria mensagem.

Leonhardt, por sua vez, que aqui apenas comentou a proposta dos outros dois, ajudou a criar o microscópio óptico 3D e demonstrou a possibilidade da levitação quântica em nanoescala. Foi também ele que descobriu a possibilidade de fabricação de uma lente perfeita, idealizada em 1850.

Cientista brasileiro descobre como coletar energia do ar

Eletricidade do ar

Alimentar casas e fábricas com eletricidade coletada diretamente do ar pode ser possível: cientistas brasileiros resolveram um enigma científico que durava séculos sobre como a umidade na atmosfera torna-se eletricamente carregada, abrindo caminho para seu aproveitamento.

Imagine dispositivos capazes de capturar a eletricidade do ar e usá-la para abastecer residências ou recarregar veículos elétricos, por exemplo.

Da mesma forma que painéis solares transformam a luz do Sol em energia, esses painéis futurísticos poderão coletar a eletricidade do ar – a mesma eletricidade que forma os relâmpagos – e direcioná-la de forma controlada para alimentar qualquer equipamento elétrico, nas casas e nas indústrias.

Se isso parece revolucionário demais, mais entusiasmante ainda é saber que a descoberta que poderá tornar esses sonhos uma realidade foi feita por um cientista brasileiro.

O professor Fernando Galembeck, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) apresentou suas descobertas históricas hoje (25) durante a reunião da American Chemical Society (ACS), em Boston, nos Estados Unidos.

“Nossa pesquisa pode abrir o caminho para transformar a eletricidade da atmosfera em uma fonte de energia alternativa para o futuro,” disse Galembeck. “Assim como a energia solar está liberando algumas residências de pagar contas de energia elétrica, esta nova e promissora fonte de energia poderá ter um efeito semelhante.”

Eletricidade atmosférica

A descoberta do professor Galembeck parece resolver um enigma científico que já dura séculos: como a eletricidade é produzida e descarregada na atmosfera.

No início da Revolução Industrial, os cientistas perceberam que o vapor que saía das caldeiras gerava faíscas de eletricidade estática – trabalhadores que se aproximavam dos vapores eram frequentemente atingidos pelos choques elétricos.

Mas essa eletricidade se forma também em locais mais amenos, quando o vapor de água se junta a partículas microscópicas no ar, o mesmo processo que leva à formação das nuvens – é aí que começam a nascer os relâmpagos.

Nikola Tesla ficou famoso pelas suas tentativas de capturar e utilizar essa eletricidade do ar, tentativas infelizmente nem sempre bem-sucedidas.

Mas, até agora, os cientistas não tinham um conhecimento suficiente sobre os processos envolvidos na formação e na liberação de eletricidade a partir da água dispersa pela atmosfera.

“Se nós soubermos como a eletricidade se acumula e se espalha na atmosfera, nós também poderemos evitar as mortes e os danos provocados pelos raios,” estima Galembeck.

Higroeletricidade

Os cientistas sempre consideraram que as gotas de água na atmosfera são eletricamente neutras, e permanecem assim mesmo depois de entrar em contato com as cargas elétricas nas partículas de poeira e em gotículas de outros líquidos.

Mas o professor Fernando Galembeck e sua equipe descobriram que a água na atmosfera adquire sim uma carga elétrica.

O grupo brasileiro confirmou essa ideia por meio de experimentos de laboratório que simulam o contato da água com as partículas de poeira no ar.

Eles usaram minúsculas partículas de sílica e fosfato de alumínio – ambas substâncias comumente dispersas no ar – para demonstrar que a sílica se torna mais negativamente carregada na presença de alta umidade, enquanto o fosfato de alumínio se torna mais positivamente carregado.

“Esta é uma evidência clara de que a água na atmosfera pode acumular cargas elétricas e transferi-las para outros materiais que entrem em contato com ela,” explicou Galembeck. “Nós a chamamos de higroeletricidade, ou seja, a eletricidade da umidade.”

Coletores de energia do ar

No futuro, segundo Galembeck, poderá ser possível desenvolver coletores – similares às células solares que coletam a luz solar para produzir eletricidade – para capturar a higroeletricidade e permitir seu uso em residências e empresas.

Assim como as células solares funcionam melhor nas regiões mais ensolaradas do mundo, os painéis higroelétricos vão funcionar de forma mais eficiente em áreas com alta umidade, uma característica das regiões tropicais, Brasil incluído.

Alta umidade significa altos níveis de vapor de água no ar – um vapor que se torna visível ao se condensar e embaçar os vidros do carro, por exemplo, e cuja baixa intensidade incomoda tanto nos dias secos de inverno.

Galembeck afirmou em sua apresentação que uma abordagem semelhante poderia ajudar a prevenir a formação de raios. Ele vislumbra a colocação de painéis higroelétricos no topo de prédios em regiões onde ocorrem muitas tempestades. Os painéis drenariam a energia do ar, impedindo o acúmulo das cargas elétricas que são liberadas na forma de raios.

Seu grupo de pesquisa já está testando metais para identificar aqueles com maior potencial para utilização na captura da eletricidade atmosférica e prevenção dos raios.

“São idéias fascinantes que novos estudos, nossos e de outras equipes de cientistas, poderão tornar realidade,” disse Galembeck. “Nós certamente temos um longo caminho a percorrer. Mas os benefícios no longo prazo do aproveitamento da higroeletricidade podem ser substanciais.”

Fenômenos eletrostáticos

Durante o século 19, houve vários relatos experimentais associando a interface ar-água e os fenômenos eletrostáticos da chamada “eletricidade do vapor”. O famoso Lord Kelvin idealizou um equipamento, que ele chamou de condensador de gotas de água, para reproduzir experimentalmente o fenômeno.

Contudo, até hoje ninguém havia conseguido descrever os mecanismos do acúmulo e da dissipação das cargas elétricas na interface ar-água.

Isso pode dar a dimensão dos resultados agora obtidos pelos cientistas brasileiros.

O trabalho do professor Fernando Galembeck e sua equipe demonstra que a adsorção do vapor de água sobre superfícies de materiais isolantes (dielétricos) ou de de metais isolados – devidamente protegidas dentro de um ambiente blindado e aterrado – leva à acumulação de cargas elétricas sobre o sólido, em um intensidade que depende da umidade relativa do ar, da natureza da superfície usada e do tempo de exposição.

A pesquisa verificou ainda um aumento acentuado nas cargas elétricas acumuladas quando são usados substratos líquidos ou isolantes sólidos, sob a ação de campos externos, quando a umidade relativa do ar se aproxima de 100%.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=coletar-energia-ar-umidade-higroeletricidade&id=020115100825&ebol=sim

Brasileiros criam técnica para medir rotação da luz

A luz pode ter um “momento angular orbital”, uma espécie de rotação, mas que se parece mais com um planeta orbitando ao redor do Sol do que girando sobre seu próprio eixo.

Medir essa propriedade é complicado, mas no exemplar de 30 de Julho da revista científica Physical Review Letters, pesquisadores brasileiros mostram que dirigir um feixe luminoso através de um buraco triangular cria uma matriz triangular de pontos que indica diretamente a dinâmica orbital angular desse feixe.

A técnica, simples e elegante, é uma ferramenta importante para explorar uma propriedade incomum da luz, que poderá no futuro ser usada para codificar informações quânticas.

Momento angular da luz

Quando um feixe de luz possui momento angular, esse momento angular pode ter dois elementos. O momentum angular “spin” corresponde à polarização circular da luz para a direita ou para esquerda, o que significa que a direção do campo elétrico gira no sentido horário ou anti-horário conforme a luz se move para a frente.

O momento angular orbital (OAM:Orbital Angular Momentum) – largamente aceito pela comunidade científica apenas nos últimos 20 anos – ocorre quando a direção do campo elétrico varia no interior do feixe.

Por exemplo, imagine medir a direção do campo elétrico em cada ponto ao redor de um feixe de luz de grande diâmetro. Ele pode apontar para cima, para a à direita (às três horas), para baixo, ou para a esquerda (às nove horas).

Este feixe pode ter uma unidade de OAM – uma “carga topológica” de um.

O campo de um feixe de carga dois poderia dar duas rotações completas conforme você se move ao redor de seu contorno.

Os pesquisadores esperam aproveitar esta propriedade para transportar informações com a luz, exatamente como eles já fazem com a polarização.

E com uma grande vantagem: enquanto cada fóton tem apenas dois estados despin distintos, há potencialmente infinitos estados OAM. O problema é que até agora não havia um método de distinguir os diversos estados OAM de forma eficiente.

Experimentos de difração

Os físicos já haviam descoberto como gerar feixes que possuam momento angular orbital e usá-los para exercer torque sobre partículas, movimentando-as.

Mas Jandir Miguel Hickmann e seus colegas da Universidade Federal de Alagoas, em Maceió, afirmam que há uma quantidade muito pequena de pesquisas que exploram o que acontece quando esses raios de luz passam por aberturas muito pequenas.

Esses experimentos de difração geram padrões de pontos que os físicos vêm usando há muito tempo para analisar as propriedades da luz comum – mas as técnicas para medir o OAM são poucas e mais complicadas.

Quando Hickmann e seus colegas simularam a difração de feixes de luz passando através de furos de variados formatos, eles descobriram que o uso de um triângulo isósceles traz um benefício inesperado: “Você pode simplesmente contar os pontos para descobrir a carga topológica”. Os pesquisadores também verificaram esta previsão experimentalmente.

Medição do momento angular orbital

A equipe calculou e observou que, uma vez que o feixe está centrado no furo, ele gera um padrão incomum: uma rede triangular de pontos. O brilho de cada ponto individual depende das contribuições combinadas da luz a partir de diferentes locais no buraco triangular.

Os cálculos preveem que os pontos mais brilhantes formam um triângulo cujo tamanho (o número de pontos em cada um dos seus lados) é uma unidade maior do que a magnitude da carga topológica.

Além disso, o padrão luminoso triangular é girado em 60 graus em qualquer direção em relação à abertura, com a direção dependendo do sinal da carga (o sentido de rotação da luz). Assim, a abertura triangular representa uma maneira fácil de medir a magnitude e o sinal do momento angular orbital.

Miles Padgett, da Universidade de Glasgow, na Escócia, comentando o artigo dos brasileiros, afirmou que “Foi uma surpresa, pelo menos para mim, que haja uma relação tão simples e bonita” entre o número de pontos difratados, a orientação do padrão e a magnitude e o sinal da carga topológica.

Fonte:  http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tecnica-medir-rotacao-luz&id=010810100803&ebol=sim